Nosso modelo cultural de relacionamento é a monogamia que, segundo Na Pai, “é um modelo de relacionamento sexual afetivo baseado em um ideal de exclusividade sexual entre duas pessoas e para toda a vida”.

Desta forma, todos nós somos educados para estar em casal e encontrar a “cara metade” que nos completa. E nessa busca de não ser “incompleto” é que passamos a vida até que apareça alguém que seria a pessoa certaporque a gente perde tempo ouvindo “vai aparecer o certo” pra completar a metade que falta.

todo esse prédio Amor romântico detém ideias sobre as quais o mitosSão elas: “o amor tudo pode”, “o amor tudo perdoa”, “por amor você tem que aguentar”, “se ele te ama, ele tem ciúmes”, “por amor ele vai mudar” e “você tem sacrificar por amor”.

Amor explosivo: seria um relacionamento?

Por outro lado, existe um discurso neoliberal quem mantém essas relações monogâmicocomo poliamorosos e relacionamentos abertos, são uma sucata que se vende em feira e assim constroem o grande pilar que sustenta a ideia de que a única saída é a monogamia e a perseverança… enfim, o sofrimento por amor.

Existe uma outra forma neoliberal que é o consumismo afetivo, algo que está muito em evidência hoje, um estilo de predação afetiva, em que sob o lema da liberdade individual não há empatia, nem paciência, nem construção em comum, porque são conceitos que não se encaixam. acostumado a use e jogue fora sem mediar uma responsabilidade afetiva, transita-se uma forma de vínculo que não exige grandes esforços e talvez por isso não se veja a possibilidade de modificar essas condições.

Entre tudo isso, o que seria? da maneira mais saudável para nos ligar?

Sabemos que a monogamia e o pilar da exclusividade a sexualidade está muito em crise, as pessoas não cumprem mais os acordos que foram selados há 50 anos. Não é muito atraente resignar-se à adrenalina gerada pelo encontro romântico com o novo, com aquela novidade que tanto faz bem ao desejo erótico, mas que, ao mesmo tempo, dá conta do efêmero, porque enquanto a explosão dessa adrenalina nosso cérebro fica intoxicado, mas quando desce começa a sentir o que não está mais ali.

E o que resta? Se você quer algo para ficar

Monogamia ameaçada?

Podemos construir formas de vincular em que haja registo do outro, do outro ou do outro que sente, a quem acontecem as coisas, que tem desejos e que pode acompanhar o gozo e também o desânimo.

Alguém ou alguns com quem é bom estar, porque enfim nos reunimos para passar a vida.

Saia da idealização e veja a outra pessoa como ela é. Que você possa sentir liberdade de ser você mesmo, de se expressar, de poder falar sobre desejos e sentimentos. Alguém com quem é possível ficar nu emocionalmente e há uma chance de mostrar e também ver por dentro.

Para as modalidades de vínculo, sejam aquelas que ocasionalmente são urgentes dê espaços pessoais, sair da fusão e da posse e ouvir os próprios tempos. Não tome nada como garantido, saia da suposição e ir para a perguntaFinalmente, abra o diálogo amoroso.
É disso que se trata, de construir um amor maduro, em que a intimidade, o respeito e o desejo possam habitar.

Será possível? Talvez se. Se quero!

*Sexóloga Clínica e Educacional
IG: @licenciadaanaliapereyra

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