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O cenário do diálogo social na Espanha está em um ponto crítico devido à decisão do Governo de ampliar a participação de organizações empresariais nessas negociações. Além das já presentes CEOE e Cepyme, a Conpymes, grupo estatal com vínculos com o Pimec catalão, unirá forças. Esse movimento gerou tensões entre organizações empresariais, que buscam se estabelecer como verdadeiras representantes dos interesses dos empreendedores. No entanto, apenas 23,3% das empresas são filiadas a uma dessas entidades.

Recentemente, aumentaram as tensões entre o Governo e os representantes empresariais na Mesa Redonda do Diálogo Social, especialmente em torno da proposta de redução da semana de trabalho de 40 para 37 horas. Esta medida foi bloqueada pelo PSOE e Sumar, gerando forte rejeição por não ter sido consultada com os agentes sociais.

O conflito chegou a um ponto crítico durante a Assembleia Geral da Cepyme, onde seu presidente, Gerardo Cuerva, criticou duramente o “intervencionismo” do Governo. Cuerva também denunciou tentativas de limitar a influência das associações patronais nas negociações, abrindo a porta para organizações emergentes. O Governo, por sua vez, defendeu a inclusão das PMEs e do PIMEC em órgãos como o Conselho Econômico e Social (CES), embora ainda não tenha detalhado como implementará essa representação.

O problema subjacente é a falta de um sistema objetivo de verificação da representação empresarial nas negociações institucionais, algo que existe para os sindicatos. Atualmente, aplica-se uma regra do Estatuto dos Trabalhadores que exige que as organizações representem pelo menos 10% das empresas e trabalhadores em nível nacional ou 15% em nível regional para participar da negociação de acordos coletivos setoriais.

Essa falta de clareza também se reflete na representação de pequenas e médias empresas (PMEs). De acordo com a Pesquisa Anual de Emprego do Ministério do Trabalho e Economia Social, apenas 17,8% das empresas com entre 5 e 9 funcionários são filiadas a uma organização empresarial, um número que excede 26,3% entre empresas com até 49 funcionários. Esse baixo nível de filiação é explicado, em parte, pela alta fragmentação do tecido empresarial espanhol, onde 92% das empresas têm menos de 50 funcionários.

A representatividade também varia significativamente por setor e região. Nos setores de hospitalidade e construção, apenas 18,7% e 22,9% das empresas, respectivamente, são afiliadas a uma organização. Em contraste, em logística e indústria, os números são 31,9% e 29,7%. Territorialmente, La Rioja tem a maior porcentagem de empresas afiliadas (38,7%), seguida pelo País Basco (33,7%) e Aragão (33,2%), enquanto Andaluzia e Madri têm as menores porcentagens, com 15,1% e 18,2%, respectivamente.

Apesar desses desafios, 76% dos proprietários de negócios afiliados acreditam que sua organização representa seus interesses, embora essa porcentagem varie dependendo do tamanho da empresa. Em pequenas empresas, essa percepção é de 73,2%, enquanto em grandes empresas chega a 87%.

Neste contexto, a “guerra” entre organizações empresariais é centrada na representação das PMEs. A Conpymes, apoiada pelo Pimec catalão, critica o papel da Cepyme como “satélite” do CEOE. Esta rivalidade reflete as diferenças em como as grandes e pequenas empresas percebem sua influência e representação nas negociações com o Governo.

A controvérsia também tem um componente político, com Cepyme e Foment del Treball acusando o governo de usar a expansão da representação como uma concessão a partidos pró-independência, como Junts e ERC.

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