Enquanto os preços pagos pelas famílias na factura de electricidade caíram 2 por cento de Outubro a Dezembro, devido ao acordo do Governo para atenuar os aumentos, os preços dos combustível para veículos subiram no mesmo período, 5,1 por cento, também por decisão do Governo.

Desta maneira, o alívio que se buscava com os preços da luz não só foi totalmente apagado com os aumentos que foram decretados para a gasolina, mas estes quase triplicam o que ia ser aliviado com a eletricidade.

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De fato, a recuperação dos combustíveis foi maior, 9% entre junho e dezembro do ano passado, segundo dados do Departamento Administrativo Nacional de Estatística (Dinamarca), entidade que divulgou na quinta-feira os dados da inflação de 2022, em que tanto os custos da eletricidade como os dos combustíveis contribuíram significativamente para esta variação anual.

“No que diz respeito aos regulados, estimamos novos aumentos nos preços dos combustíveis, eletricidade, aqueduto e gás em resultado da subida das cotações em bolsa e do elevado nível da TRM (Taxa Representativa do Mercado)”, alertam os analistas da O Grupo Bancolombia, que estima que a variação do custo de vida dos colombianos em 2022 atingiu um novo máximo neste século de 12,93 por cento.

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E embora as medidas adotadas através do acordo tarifário de outubro passado façam com que as tarifas de energia para os usuários não ultrapassem o IPC, alertou José Camilo Manzur, presidente da Associação Colombiana de Distribuidores de Energia Elétrica – (Asocodis) Sobre a questão do combustível, o governo planeja continuar fazendo aumentos “graduais e progressivos”, talvez até 2024.

Conforme lembrado, com o reajuste de cerca de 400 pesos no preço da gasolina no início de 2023, um aumento de 1.000 pesos foi concluído nos últimos quatro meses.
Estes reajustes no custo dos combustíveis, principalmente do diesel, quando o Governo havia prometido que não seriam tocados, pelo menos até meados deste novo ano, colocaram em alerta os transportadores de carga do país, que se reunirão hoje quinta-feira com Guillermo Reyes , Ministro dos Transportes para tentar encontrar uma solução para esta situação.

Reunião com transportadores

Arnulfo Cuervo Aguilera, vice-presidente da Federação dos Empresários do Transporte de Cargas (Fedetranscarga), Ele disse que o objetivo da referida reunião é propor que seja reavaliado o aumento ocorrido no custo desse combustível, que está “atrelado à reforma tributária e ao prejuízo causado ao aumento do salário mínimo porque os preços vão atirar”.

Também pedirão ao Executivo que o preço desse combustível permaneça sem ajustes, pelo menos durante 2023. “Com a reforma tributária, o governo já obteve 20 bilhões de pesos, que necessidade ele tem de continuar pressionando o aumento de preços para a inflação e aumentar a desigualdade?”, disse o porta-voz do sindicato.

Mas não só a questão do combustível irrita os transportadores de carga, como também o facto de não terem sido incluídos no benefício do desconto de cerca de 50 por cento do custo do Seguro Obrigatório de Acidentes de Trânsito (Soat)obtido por meio da Portaria 2.497 do Ministério da Fazenda.

Por isso, na reunião que farão com o ministro dos Transportes, vão solicitar a aplicação do benefício Soat, já que foram excluídos com a promessa de que o ACPM não teria aumento de preço até junho deste ano.

Embora tenha surgido a iniciativa da Fedetranscarga, a ideia é que mais sindicatos se possam juntar a esta conversa que decorreria hoje por volta das 11 horas da manhã, porque “o problema não é a Fedetranscarga nem o sector dos transportes de carga mas sim o país. Aumentar frete e combustível afeta a todos nós”, alertou o sindicato.

Para Cuervo, não há justificativa para esse aumento, que fará com que os custos operacionais dos caminhões subam ainda mais, pois até 45% deles estão relacionados ao pagamento de combustível.

Tanto a Fedetranscarga quanto a Colfecar afirmaram que a saída para esse problema será o diálogo, pois em nenhum momento contemplaram o uso de estradas de fato (greves).