O Fórum de Davos reunirá em sua edição de 2023 mais de 2.500 líderes políticos, empresários e ONGs de destaque, num contexto global que a própria entidade define como “um momento crucial”. Convidados argentinos participarão junto com os principais líderes mundiais.
sob o lema”Cooperação em um mundo fragmentado”o fórum fundado em 1971 por Klaus Schwab afirma que, após a guerra na Ucrânia e a Covid-19, “importantes transformações foram desencadeadas”, acrescentando: “O mundo de hoje está em um ponto crítico de inflexão. A miríade de crises em curso exige uma ação coletiva ousada”. A reunião anual reunirá “líderes governamentais, empresariais e da sociedade civil para abordar o estado do mundo e discutir prioridades”, anuncia.
Entre as mais de 2.500 personalidades de destaque convidadas, destacam-se: Kristalina Georgieva, diretora do Fundo Monetário Internacional; Jens Stoltenberg, Secretário-Geral da OTAN; Laurence Fink, CEO do megafundo financeiro BlackRock; Mark Suzman, Diretor Executivo da Fundação Bill & Melinda Gates; Michael K. Wirth, CEO da Chevron; David Solomon, CEO da Goldman Sachs; Jane Fraser, CEO do Citi Group; Christian Meissner, CEO do banco Credit Suisse; Christiana Riley, CEO do Deutsche Bank; Stephen Schwarzman, presidente do fundo financeiro Blackstone Group; Kenneth Jacobs, CEO do Lazard Bank; Chris Cox, CEO da Meta (Facebook); Satya Nadella, CEO da Microsoft; Stéphane Bancel, CEO da Moderna; Lord Mark Malloch-Brown e Alexander Soros, presidente e vice-presidente da Open Society Foundations (a fundação histórica do magnata George Soros); Albert Bourla, CEO da Pfizer; e, claro, Klaus Schwab, fundador e CEO do Fórum.
Para a Argentina, são convidadas personalidades da política e, principalmente, do setor energético, com destaque para Vaca Muerta, zona de gás e petróleo sobre a qual os olhares do mundo se fixaram, principalmente após o conflito desencadeado entre a OTAN e a Rússia, que deixou a Europa sem os recursos energéticos que sustentavam esta última potência. O atual ministro da Economia, Sergio Massa; o Diretor Geral da Corporación América, Martín Eurnekián; os proprietários e executivos da Pan American Energy, Alejandro e Marcos Bulgheroni; o CEO da fintech Pomelo, Gastón Irigoyen; a chefe da Transparência Internacional, Delia Ferreira Rubio; e o empresário Gregório Werthein.
O Fórum de Davos, que convoca em grande medida o poder empresarial e político do Ocidente, porém, mostra-se predisposto a categorizar o mundo atual como “multipolar” (talvez para cair nas boas graças da China), recorrendo a uma terminologia que tanto o presidente russo Vladimir Putin quanto um dos principais teóricos políticos de seu país, Alexander Dugin, têm usado em seus discursos, que sustentam que a atual conflagração da guerra não diz respeito apenas Ucrânia e Rússia, mas sim ao confronto de duas ordens mundiais: uma unipolar, representada pela hegemonia do mundo anglo-saxão, e outra multipolar, contemplando a relevância de outros polos de poder, como China e Rússia.
É neste contexto de guerra e desglobalização que Davos adverte: “Se os riscos sistêmicos não forem enfrentados, a promessa de uma “década de ação” pode se transformar em uma década de incerteza e fragilidade.”. A análise das chamadas à ação do Fórum fundado por Schwab, e as conclusões alcançadas na reunião, resulta em relevância, pois costumam se tornar pautas incontornáveis para os diferentes governos. Vale a pena reparar alguns dos principais problemas.
Entre as exposições listadas, Davos 2023 se propõe a abordar:
1- Mudanças Climáticas:
- Por que as grandes empresas devem apoiar as PMEs para alcançar o crescimento econômico e alcançar emissões líquidas zero de carbono.
- Como o Oriente Médio e o Norte da África podem administrar a crise hídrica da região?
- Crise climática: como passar da recuperação de desastres para a prevenção, resiliência e redução de riscos.
- Acelerando a energia renovável: gargalos e como resolvê-los.
- Podemos abordar a dívida soberana e o financiamento climático?
- Como milhões de vidas poderiam ser salvas ao fechar a lacuna financeira de adaptação climática.
- Como os combustíveis de aviação sustentáveis podem lidar com a pegada de carbono da aviação.
2- Quarta Revolução Industrial:
- 3 maneiras de acompanhar a revolução dos dados em tempo real.
- É assim que a inteligência artificial pode beneficiar o setor varejista.
- A automação pode nos ajudar a superar a escassez global de mão de obra?
- Por que ainda precisamos de criptomoeda para uma ‘internet de valor’.
- Sem Inteligência Artificial, não atingiremos as metas ESG (ambientais, sociais, de governança) nem enfrentaremos as mudanças climáticas.
3- Crise Alimentar Mundial:
- Como as soluções digitais podem ajudar a resolver problemas alimentares globais.
4- Gênero e feminismo:
- Como a economia regenerativa pode promover a equidade social e a igualdade de gênero.
- Saúde da mulher: este é o melhor investimento do mundo e o menos financiado?
5- População:
- Cinco políticas para sustentar nosso mundo demograficamente diversificado.
A influência desse poderoso grupo de lobby internacional é amplamente determinada pelos palestrantes e membros de seu conselho de administração. Muitos deles também fazem parte de outras organizações elitistas de relevância global, como o Bilderberg ou a Comissão Trilateral. Cabe destacar que, como prelúdio a esta reunião, na reunião do B20 (anexo de negócios do G20) na Indonésia em 14 de novembro, Klaus Schwab falou sobre a necessidade de redesenhar a estrutura global. “O que temos que enfrentar é uma profunda reconstrução sistêmica e estrutural de nosso mundo. Isso vai levar algum tempo. E o mundo pode parecer diferente após o processo de transição.”Alertamos o fundador do Fórum: obviamente ele se refere a um redesenho do mundo em torno de seus interesses.
*Fausto Frank é jornalista e diretor do site de política internacional e análise geopolítica Kontraino.com
você pode gostar