Um deputado chileno está sendo processado pelos assassinatos de três militantes de esquerda ocorridos durante a ditadura do general Augusto Pinochet (1974-1990).
Membro do partido conservador Renovação Nacional, Rosauro Martínez, de 64 anos, foi libertado sob fiança pela polícia nesta sexta-feira, depois de ter sido detido no dia anterior sob a acusação de envolvimento nos crimes.
Martínez era capitão do Exército na época dos incidentes, em 20 de setembro de 1981.
Na época, ele liderava uma busca por membros do Movimento da Esquerda Revolucionária, que tentava derrubar Pinochet.
Durante a busca, houve uma troca de tiros em que ao menos 11 pessoas morreram. Entretanto, os detalhes do que ocorreu exatamente nunca foram esclarecidos.
Martínez se diz inocente e alega que apenas seguiu um protocolo militar.
“Quero manifestar minha tranquilidade, já que entendo que isso é parte de um processo necessário para que seja conhecida a verdade e se faça justiça neste caso”, disse ele em um comunicado.
No entanto, soldados sob seu comando dizem que Martínez usou violência excessiva.
‘Verdade e justiça’
Martínez é congressista desde o início dos anos 1990, quando Pinochet abriu mão do poder, e o Chile retornou a um regime democrático.
Em junho, a Suprema Corte chilena o afastou das atividades legislativas e tirou sua imunidade parlamentar, o que abriu caminho para sua prisão na quinta na cidade de Valdivia, no sudeste do país.
A data marcou o 41º aniversário do golpe que levou aos 17 anos de ditadura de Pinochet.
“O Chile precisa de mais verdade e justiça para que nunca mais vivamos o terror de uma ditadura novamente”, disse o porta-voz do governo, Alvaro Elizalde.
Cerca de 3,2 mil pessoas foram mortas e 38 mil foram torturadas durante a era Pinochet, segundo o governo.
Martínez acompanhará os próximos passos do processo em liberdade condicional.
Nesta sexta-feira, o Tribunal de Recursos de Valdivia liberou o deputado depois do pagamento de uma fiança de 15 milhões de pesos chilenos, o equivalente a R$ 58,9 mil.