Uma designer gráfica foi acusada de tentar matar sua mãe colocando veneno na bebida dela em um plano inspirado na série de TV americana Breaking Bad. Ela nega.
A acusação alega que Kuntal Patel, de 37 anos, comprou a substância pela internet pouco tempo depois de assistir a um episódio da série em que o protagonista, um professor de química, usa ricina para matar um rival.
Breaking Bad narra a história de um professor que, diagnosticado com câncer, passa a produzir drogas e revendê-las.
“Acho que ando vendo Breaking Bad demais”, escreveu a acusada após o plano ter dado errado.
O caso teve forte repercussão na imprensa britânica e foi publicado pelos principais jornais do Reino Unido.
Kuntal é acusada de ter colocado o veneno abrina, similar à ricina, na Coca Diet da mãe depois que ela proibiu seu casamento com o namorado. Ela bebeu o refrigerante em sua casa em Londres, mas não morreu.
A abrina, usado pela acusada, é mais perigosa que ricina, mas funciona de modo mais eficaz (é até mil vezes mais mortal) quando inalada ou injetada.
De acordo com o jornal The Guardian, ela chamava o homem que vendeu o veneno pela internet de “Heisenberg”, apelido assumido pelo professor de química Walter White, protagonista da série.
Após o plano dar errado, ela supostamente pediu a ele um veneno ainda mais forte.
O plano foi “inspirado, em parte, pela série de televisão norte-americana Breaking Bad”, disse o promotor Jonathan Polnay.
“No dia 29 de setembro [ela fez o download] do episódio 16 da 5ª temporada de Breaking Bad. Neste episódio, ricina é usada no assassinato de um dos personagens.”
‘Controladora’
Patel nega que tenha tentado matar sua mãe Meena, que descreveu como “controladora e egoísta”.
A acusada se declarou culpada de duas acusações de tentativa de adquirir um agente biológico ou toxina em dezembro passado, mas disse que o objetivo era se matar.
Ela é suspeita de ter comprado o veneno em um site na dark web, rede obscura de internet que permite que os usuários permaneçam anônimos.
Ela pagou por ele usando a moeda virtual bitcoins, de acordo com as acusações. O veneno foi enviado em uma vela de cera.
Os jurados foram informados que a acusada comprou o veneno por £900 (cerca de R$ 3.500) pela internet do americano Jesse Korff.
Mas, sem que eles soubessem, o site estava sob vigilância do FBI por causa de um anúncio postado em setembro de 2013 oferecendo um veneno de ricina em estilo Breaking Bad.
Quando sua mãe sobreviveu ao envenenamento, Kuntal confessou seu plano para o vendedor e pediu outra solução, segundo as acusações.
“Alguma coisa definitivamente deu errado. Já é início da manhã de sábado e ainda está tudo normal. Sim, o alvo bebeu tudo. Me assegurei de assistir ela bebendo tudo”, ela escreveu para o vendedor.
O promotor disse que ela enganou uma amiga para que ela recebesse o pacote com o veneno, mas a encomenda acabou sendo recebida por um vizinho.
‘Nem um pouco agradável’
O promotor disse, durante o julgamento, que a família parecia feliz para o mundo exterior, mas que havia conflitos e abusos.
A mãe, afirma, “não era nem um pouco agradável”.
Meena Patel – magistrada que trabalhou com violência e relações raciais no país -, segundo a acusação, usava linguagem obscena e racista e era, às vezes, violenta.
Ela também foi descrita como manipuladora e controladora e, de acordo com o relato, proibiu sua filha de casar com seu namorado, Niraj Kaked.
“Meena Patel era todas essas coisas: manipuladora, controladora e egoísta, mas ela não merecia morrer”, afirmou Polnay.
Ele acrescentou: “Quando Meena proibiu Kuntal de se casar com Niraj, em vez de envergonhar a família tentando casar sem o seu consentimento, – algo que Meena teria feito de tudo para evitar – Kuntal estabeleu um plano premeditado para assassinar sua própria mãe. “
Segundo a acusação, Meena supostamente trancou a filha em sua casa, bateu nela, e exigiu que ela parasse de ver Kaked, que vivia nos EUA.
Em mensagens enviadas ela chamou a filha de “bruxa” que “não pode ser meu sangue.”
Em um e-mail a um amigo que foi lido no tribunal, Kuntal Patel escreveu: “Eu nunca vou perdoá-la pelo que ela fez para mim. Ela roubou meu futuro.”
“Eu não poderia me importar menos com minha vida. Prefiro morrer.”
Kuntal Patel foi presa em janeiro e disse à polícia que comprou o veneno para se matar, mas que, quando o pacote chegou, ficou com medo e jogou fora.
Os policiais descobriram que ela havia pesquisado na internet “como assassinar usando veneno”, “como criar botulismo” e “como matar alguém sem ser pego”.
O julgamento ainda não terminou.