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Dados da indústria de transformação de maio revelam os primeiros sinais de desaceleração da atividade econômica do Brasil no segundo trimestre. O setor registrou queda de 0,9% em relação ao mês anterior (segunda queda consecutiva) e de 1% em relação a maio de 2023, revertendo os ganhos obtidos no início do ano.

A produção industrial continua em declínio, permanecendo 1,4% abaixo dos níveis pré-pandemia e quase 18% abaixo do pico atingido em 2011.

Como esperado, enchentes sem precedentes no Rio Grande do Sul, o estado mais ao sul do Brasil, afetaram negativamente os resultados gerais.

A produção de veículos automotores e alimentos, duas das atividades mais afetadas no estado, com linhas de produção paralisadas há semanas, também contribuíram para os resultados nacionais ruins (-11,7% e -4%, respectivamente).

As linhas de produção em todo o país estão interligadas, e indústrias de vários estados foram impactadas pelos problemas no Rio Grande do Sul. André Macedo, gerente de pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, destacou que uma montadora de automóveis em São Paulo precisa conceder férias aos seus trabalhadores para amenizar os prejuízos causados ​​pelas paralisações em suas fábricas no Rio Grande do Sul. Em abril, o segmento havia registrado crescimento de 13,8%.

Os impactos na produção de aves, bovinos e suínos, além de derivados de soja, no Rio Grande do Sul também contribuíram para a queda da produção nacional de alimentos – essa atividade representa 15% do indicador do IBGE.

O Rio Grande do Sul é a quarta maior economia do Brasil, responsável por 6,5% do PIB nacional e mais de 8% da produção industrial do país.

Um dilema para o banco central

Se a desaceleração do crescimento for confirmada no segundo trimestre, o Banco Central enfrentará um dilema, segundo o economista independente e consultor André Perfeito. “O Comitê de Política Monetária do banco parece propenso a aumentar as taxas de juros em resposta à deterioração das expectativas, uma vez que o dólar americano neste nível forçará os economistas a olhar mais profundamente para suas projeções de inflação. É possível que então vejamos aumentos de impostos no contexto de atividade fracassada.”

E se o Federal Reserve dos EUA começar a cortar os juros no segundo semestre, a economia brasileira ficará ainda mais vulnerável. “Os dados representam um dilema, mas há uma grande oportunidade (para o governo) de administrar a comunicação”, reflete o economista.

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