Os muros da cidade de Buenos Aires sempre “falaram”, mas desde o último 18 de dezembro também “comemoraram”, “animaram” e “levantaram a taça” que a Seleção Argentina conquistou na Copa do Mundo de 2022 no Catar no mãos de Lionel Messi, Dibu Martínez e Ángel Di María, entre outros membros de La Scaloneta.
A figura divinizada de Leo Messi tornou-se rapidamente a mais escolhida por artistas de rua, como Maxi Bagnasco, Jonathan Almada, Mario Abad e Alfredo Segatori, entre outros.
A imagem do craque argentino levantando ou beijando a Copa do Mundo, fazendo o Topo Gigio, reproduzindo sua icônica frase “o que parece bobo? Andá pa’ allá..”, ou abraçar um companheiro de equipe encheu os muros da Cidade de Buenos Aires, assim como os subúrbios de Buenos Aires e o interior do país, especialmente Rosario. Desta forma, medianas, ochavas e persianas empresariais foram reforçadas em “tecidos” sobre os quais os muralistas fizeram suas explosões artísticas. Estima-se que até agora mais de 20 murais com o rosto de Leo tenham sido feitos em todo o país desde o título obtido contra a França.
Mas as homenagens ao triunfo de La Scaloneta não terminaram com os murais do craque rosarino. Uma bandeira argentina de 400 m2 pintada na rampa e escadaria da rua Lavalle, entre 25 de Mayo e Alem, no coração de Buenos Aires, serve de ponto de partida para um passeio urbano pelos murais de Messi na CABA.
A intervenção de Segatori chama-se World Champions Color Outburst, e a esse respeito, “Pelado” afirmou: “Gostei de fazer algo mais minimalista, mais abstrato, do que uma figura em si, e que se encaixou perfeitamente com o tema da escada e La Scaloneta com muito boa repercussão”, explicou Segatori. A obra faz parte do programa cultural Microcentro Red realizado pelo Ministério da Cultura de Buenos Aires.
A poucos quarteirões dali, mais precisamente na rua Bolívar, 947, uma figura imponente de Messi fazendo o Topo Gigio cobre toda a persiana do comércio de San Telmo. A imagem pertence à comemoração do segundo gol da Argentina contra a Holanda, quando o camisa 10 se posicionou diante do banco rival “respondendo” às críticas de Louis Van Gaal antes da partida. Neste caso, a obra pertence ao artista Mario Abad e mede dois metros e meio de altura.
O passeio continua no cruzamento das ruas Darwin e Gorriti, no bairro de Palermo, que já tem nome próprio: La Esquina de Messi. Esta é a obra do artista Maximiliano Bagnasco, na qual Lionel pode ser visto levantando a copa do mundo coberta pelo Bishit (a camada transparente com detalhes dourados), com Emiliano Martínez ao fundo. É uma reprodução exata do momento que rodou o mundo no dia 18 de dezembro em Doha. “A ideia nasceu depois de ter pintado vários membros da Seleção Nacional e Diego Maradona, e também tive a sensação de que íamos ganhar o Mundial. Depois de assistir ao jogo, e sofrer como todo mundo, esperei para ver que imagem eu poderia resgatar para fazer o mural. Saí para comemorar um pouco, mas voltei para casa para continuar procurando o momento que queria retratar. Depois de escolher a imagem do Messi erguendo a taça, única e diferente das outras copas do mundo, na segunda-feira preparei tudo e na mesma terça-feira comecei a pintá-la. Normalmente, levo dois dias para fazer um mural, mas na quarta-feira ficou quase impossível continuar, pois todos queriam tirar fotos ao lado da obra”, explicou Maxi em entrevista ao PROFILE, recém-chegado da Jamaica, para onde viajou para criar um mural em memória do neto de Bob Marley, Joseph Jo Mersa Marley, que faleceu recentemente.
Quanto ao seu trabalho no bairro de Palermo, a repercussão foi tanta que apareceu no Google Maps como La Esquina de Messi. “Enquanto fazia o trabalho, pedi um café por meio de um aplicativo e vi que já estava listado como Esquina Messi, me pareceu muito engraçado”, disse o artista, que, além de criar o icônico Diego Maradona mural na área de Canning, já havia Messi fotografado junto com Di María e Maxi Rodríguez em Rosario antes da Copa do Mundo.
Do outro lado do General Paz, os murais de homenagem a Messi são replicados em todas as paredes disponíveis. Em Lomas de Zamora, por exemplo, Jonathan Almada também pintou dois murais do craque do PSG. Em uma ele está abraçado a Julian Álvarez, enquanto na outra ele é visto beijando o único troféu que faltava a Leo: a copa do mundo de futebol.
“Meu trabalho foi uma promessa que fiz se a Argentina fosse campeã. Além disso, eu queria retratá-lo porque é sua última Copa do Mundo. Levei dois dias para fazer o mural e foi a primeira vez que fiz uma figura humana. Antes, eu fazia murais de anime”, explicou o jovem artista de 26 anos. Além desse trabalho, fez um mural de Messi na Villa Fiorito, a Terra Santa de Diego Maradona. “Lá fiz isso para Messi levantar a taça, que foi um trabalho a pedido, e que também acabou sendo uma promessa. Depois fiz outro trabalho do Messi noutro bairro a beijar a taça”, acrescentou o jovem artista.
O mural populariza a arte
Anna Stjerne *
Na história, a pintura mural não ocupou um lugar comparável ao da tradicional pintura de cavalete, mas as obras legitimadas mudaram essa ideia. Hoje eles têm tanto a dizer que em muitos lugares do mundo se tornaram passeios que são museus ou galerias ao ar livre. A famosa East Side Gallery em Berlim, Wynwood em Miami conhecida por sua cena dinâmica de arte de rua ou o passeio inovador pelo 13º distrito de Paris são exemplos desse tipo de fenômeno.
Isso tem fomentado e validado a popularização da arte urbana e de artistas como Banksy, que com seu sucesso e fama mundial chegarão ao Bristol Museum com uma exposição chamada Banksy Versus Bristol Museum, tornando-se uma referência cultural.
Hoje convivemos com várias expressões da Street art nas paredes das nossas cidades. Grandes superfícies, diversos materiais, traços seguros (pela escala que manejam), a localização, a iluminação são algumas das variáveis que englobam esse tipo de linguagem visual.
A street art de certa forma se nutre de expressões ligadas a uma pulsação contemporânea, pinta o que se vive naquele momento. o que é adorado O que nos gera devoção. Lionel Messi é homenageado em dezenas de murais em todo o mundo. Planos visuais que vão construir um mito com a sua imagem. Ver um mural de nosso ídolo embelezando uma parede cria empatia com nossas emoções de forma positiva.
É um herói nacional que, sendo tratado por diferentes artistas, vê diferentes estilos a serem representados, de acordo com o impacto emocional de cada um.
Que haja uma rica difusão do mural como uma arte que nos convoca e consegue dar tanta vida visual às cidades e que Messi seja visível para muitos e que possamos nos lembrar da alegria que ele nos trouxe merece essa enxurrada de imagens de nosso amado melhor jogador do mundo. .
* Diretor da ValkGallery
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