Os produtores agrícolas não descartam levar a cabo uma medida contundente para reclamar ao Governo medidas urgentes para atenuar a situação provocada pela seca, pela inflação e pelas diferentes taxas de câmbio a que são obrigados a fazer as suas operações.
No contexto de uma importante reunião que representantes do campo e do governo terão na segunda-feira, e em meio a uma assembléia geral marcada para terça-feira, dia 28, convocada pela Federação Agrária Argentina, o chefe da entidade, Carlos Achetoni, declarou esta semana que o sector se sente “desamparado e chateado” com a obrigação de pagar as retenções “numa altura em que não há colheita”.
O representante da Mesa de Ligação assegurou ainda que esperam mais iniciativas do Governo para aliviar a pressão fiscal e financeira, mas “até agora os embargos e ações judiciais da AFIP continuam e não há refinanciamento da dívida”.
Além da seca e da inflação, Achetoni garantiu que a dualidade cambial impõe desafios adicionais. “Significa que 50% do valor internacional da produção é cortado”, afirmou. “É muito difícil produzir em dólares azuis e vender em dólares oficiais”, reclamou o produtor sobre o câmbio. Ele explicou que o “microclima” que se gera com diferentes tipos de dólares se quebra “quando temos que trazer insumos importados ou quando entra mercadoria de outro país que produz na Argentina” e que se paga um dólar que não é o oficial. “Não é que eles levem pesos, mas eles pegam dólares e traduzem a mercadoria oficial, então competem deslealmente com a nossa produção”, acrescentou o ruralista.
Quanto às retenções e tendo em conta que este é um ano eleitoral, o dirigente não vê muitas perspetivas de solução a curto prazo. “O Governo diz que não pode retirar as retenções e os que podem chegar em 2023 dizem a mesma coisa”, assegurou, não descartando uma “forte exigência” do sindicato após a assembleia da próxima semana.
“Infelizmente é a história recorrente”, reclamou o ruralista em referência às reivindicações que vem realizando e sobre as quais não obteve resposta do Governo.
Por sua vez, o Estado continua concentrando esforços no controle da inflação, nos consumidores, e não tanto na cadeia produtiva, atingida por diversos fatores. Nesse sentido, o secretário de Comércio, Matías Tombolini, participou da apresentação no Senado de um projeto de lei para a criação de um “Código para a proteção dos consumidores e usuários da Nação”.
Tombolini destacou na ocasião que a intervenção do Estado é necessária “para fazer o que o peronismo sempre fez: nivelar o campo”. Acrescentou ainda que isso pode significar “tocar nos interesses dos setores concentrados”.
O projeto busca estimular a participação cidadã na defesa de direitos e promover o consumo sustentável. Por outro lado, regular as diferentes formas de publicidade enganosa e evitar situações que possam ser abusivas para os consumidores.
A iniciativa foi apresentada pela senadora nacional Anabel Fernández Sagasti, que afirmou que esta lei protegerá “o direito dos compatriotas às milhas”.
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