O valor de um copo d’água no meio do deserto não é o mesmo que está na sua mesa neste momento, e entre esses extremos podemos encontrar um amplo leque de possibilidades. O mesmo acontece com as ideias: para saber o valor de uma ideia, é importante analisar o estágio em que ela se encontra, suas características são suas potencialidades.

Como etapa inicial, vamos supor que uma ideia seja uma semente: com potencial para desenvolver algo (um negócio, um conceito, um impacto, etc.). Devemos semear essa semente em solo fértil para que ela cresça. O terreno fértil para qualquer ideia, nesta fase inicial, é aquele que fornece os nutrientes (recursos e capacidades) para que a ideia se desenvolva. Nessa fase de incubação, as ideias são “moldadas”, ou seja, vão tomando forma concreta.

Quando a ideia surge de uma pessoa, é como uma semente: carrega consigo todo o potencial (e condicionamento) para desenvolver algo superior. Por fim, a maior ou menor probabilidade de sucesso de quem a gerou: assim como de uma semente de maçã só se pode esperar uma macieira com características semelhantes, a ideia de uma pessoa tem o potencial que a pessoa pode imprimir. Mas se soubermos que podemos alimentar esta ideia com diferentes inputs, como conhecimentos, experiências, recursos, etc., esta ideia verá o seu desenvolvimento potenciado, acelerando o seu crescimento, reduzindo a possibilidade de insucesso e permitindo resultados de melhor qualidade. Mesmo uma ideia não tão boa pode se tornar um bom negócio se soubermos como criar a estrutura para isso.

Numa segunda fase, uma ideia em desenvolvimento é como uma semente que se transforma em planta: ainda não deu frutos, requer muita atenção e cuidado e, por vezes, exige que coloquemos estacas que lhe permitam crescer em pé. Nesta fase, a planta começa a interagir com o ambiente, a desenvolver processos de adaptação e sobrevivência, correndo o risco de que qualquer intempérie ou agente externo a estrague. Ela ainda está muito exposta, e nada pior do que ter investido tempo, recursos, esforços e aí, por conta do cheque especial, a planta morrer na fase de crescimento.

Uma boa ideia pode se tornar um péssimo negócio se não acompanharmos seu crescimento. Sabemos que devemos comprar, pagar, depois armazenar e produzir e, finalmente, vender e cobrar. Todo esse ciclo deve ser seguido à risca, principalmente quando o negócio começa a crescer: se a planta cresce e não soubemos como recolocá-la ou adicionar os suplementos necessários, ela enfraquece e morre. Tudo tem seu processo e tempos.

Nesta fase, as ideias recebem muito mais do que dão. Aliás, é comum quem está nessa instância, vendo que seu negócio dá certo, se pergunte: e onde está o dinheiro? Tudo é reinvestido para sustentar o crescimento.

Na terceira fase, uma vez que uma ideia permite criar um negócio sólido, é quando você começa a ver os primeiros frutos. A árvore não só oferece força e segurança, como também permite que os frutos extraídos sejam consumidos, vendidos e/ou aproveitem suas sementes para criar novas plantas. É a etapa de desenvolvimento de mercado, desenvolvimento de produto de um empreendimento.

Assim como não se pode esperar frutos diferentes de uma árvore, devemos avaliar neste caso se continuamos plantando o mesmo tipo de árvore (porque há demanda pelos frutos), se devemos plantar outras espécies (para atender a outras necessidades) ou se devemos agregar valor aos nossos frutos, para produzir bens ou serviços de maior valor.

Então: quanto vale uma ideia? A resposta é “entre nada e muito” já que o valor será dado por três fatores: o potencial da ideia, o estágio de gestação em que está e nas mãos de qual agricultor está. Em primeiro lugar, o potencial da ideia é o que normalmente observamos de uma ideia: “é útil para…”, “é diferente por causa de…”, “vai ajudar…” e muitas outras frases que podemos juntar para “vender o conceito” .

A fase de gestação, por sua vez, refere-se ao fato de que vender um conceito ou semente não é o mesmo que vender uma planta. No segundo caso, já existem evidências de que tipo de espécime é, qual é o seu estado de saúde, que frutos pode produzir; enquanto uma semente mais perguntas que tem certezas.

O agricultor ou especialista é aquele que pode transformar uma má ideia em um bom negócio ou uma boa ideia em um excelente negócio. É o empresário, consultor ou empresário quem pode encontrar o melhor ambiente para aquela fruta. É ele quem consegue transformar um simples copo d’água em um grande negócio, abrindo um comércio no deserto.

Existem milhões de ideias, assim como existem milhões de sementes. Algumas delas conseguiram se plantar em terreno fértil e receber cuidados adequados para delinear os primeiros resultados. É uma fase de aprendizagem e ajustamento, onde a habilidade reside na compreensão do processo de crescimento e dos elementos para o sustentar. Por fim, a árvore: a ideia que se tornou um negócio sustentável.

Uma ideia não vale nada per se, mas tem o potencial de adquirir um valor “infinito” se tivermos consciência de que devemos desenvolver o processo adequado.

*Engenheiro especializado em estratégias, inovação e transformação digital. Autor do livro Inspiração Extrema.

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