O presidente Joe Biden anunciou nos últimos dias uma nova disposição de imigração, que prevê que qualquer pessoa que tenha entrado no país ilegalmente não poderá solicitar asilo. De acordo com a nova regra, quem não tiver solicitado proteção a outro país a caminho dos Estados Unidos, ou que não tiver notificado os agentes de fronteira de seus aviões para solicitar asilo, também poderá ser deportado imediatamente, por meio do CPB One, o aplicativo desenvolvido por essa força.

A medida, que entrará em vigor em 11 de maio, é apenas uma das várias mudanças no processo imigratório aplicado na fronteira entre os Estados Unidos e o México que, segundo especialistas, até agora nenhum governo conseguiu soluções viáveis. para a situação.

De acordo com Denise Gilman, co-diretora da Clínica de Imigração da Faculdade de Direito da Universidade do Texas, atualmente não há crise na fronteira, apenas retórica dramatizada na discussão da imigração. Porque lembre-se que, embora seja verdade que há um grande número de migrantes esperando para entrar no país, quase todos estão buscando asilo, o que indica um baixo nível de ameaça.

Gilman ressalta que os números são comparáveis ​​a outros períodos da história. De acordo com dados do Pew Research Center, as patrulhas de fronteira relataram 1.659.206 encontros com migrantes na fronteira EUA-México em 2021, em comparação com 1.643.679 encontros em 2000.

O especialista explica que os dados não refletem bem a realidade, já que não discriminam quando o mesmo migrante tenta várias vezes cruzar a fronteira, o que ocorre desde a implementação do Título 42 que começou durante o governo de Donald Trump. Esta medida sanitária foi utilizada pela administração republicana para negar asilo a pessoas em condições de o receber que já tivessem atravessado a fronteira, argumentando o risco derivado da covid. Segundo dados da Alfândega e Controle de Fronteiras, o Título 42 permitiu a expulsão de mais de dois milhões de pessoas desde 2020. Agora será eliminado em maio, mas especialistas duvidam da eficácia da norma que o substituirá, que permitirá a deportação de qualquer pessoa que não tenha solicitado asilo em outro país a caminho dos Estados Unidos.

Para o professor e diretor do Centro de Estudos Estados Unidos-México da Universidade da Califórnia em San Diego, Rafael Fernández de Castro, a nova regra parece uma boa medida, mas alerta que pode levar a um maior abuso por parte dos coiotes, que muitas vezes aproveitam a “boa vontade de Washington”, segundo Castro, para dizer às pessoas que é hora de imigrar.

“A questão está muito polarizada e provavelmente o grande calcanhar de Aquiles eleitoral de Biden tem sido justamente tentar ser mais humano com a migração. Isso lhe custou caro porque os republicanos o interpretam como fraqueza e é por isso que dizem que precisamos do ‘Sr. Muro’, e o homem do muro fronteiriço é Trump”, explicou Castro. “Mas devemos lembrar que Trump não conseguiu conter os migrantes com medidas duras, incluindo a separação de crianças de suas famílias. O que realmente permitiu que ele fechasse a fronteira foi a covid.

Aaron Nodjomian-Escajeda, analista do Comitê para Refugiados e Imigrantes, discorda da nova medida. Lembre-se de que a lei dos EUA permite que os indivíduos solicitem asilo independentemente de como entraram no país, seja de carro, barco, avião ou qualquer outro meio. Nodjomian-Escajeda acredita que a nova regra limitará severamente a possibilidade de certos grupos terem acesso ao asilo.

“Acredito que o governo Biden está tentando responder à falta do Congresso para aprovar uma legislação para resolver os buracos no sistema de imigração. Mas esta não é a forma de o fazer, porque só vai prejudicar as pessoas mais vulneráveis, uma vez que só tem impacto nas pessoas que entram pela fronteira sul”, afirma.

“Se alguém entra por um aeroporto vindo do Canadá, ou por mar no Golfo do México, isso não foi alcançado por esta medida. É por isso que vemos que isso terá um impacto desproporcional nos indivíduos que entram na fronteira, fugindo de crises e perseguições”.

Fundo. A que entrará em vigor em maio não é a primeira medida nos últimos anos criticada por complicar o processo de imigração. O mesmo aconteceu com a política “Fique no México”, outra das iniciativas de Trump, que obrigou os migrantes em busca de asilo a permanecer no México até serem convocados para audiência sobre seu pedido de asilo nos Estados Unidos. Esse programa foi extinto em 2022, as pessoas não são mais processadas por ele, mas o dano é mais duradouro.

“Há pessoas que foram submetidas a esse programa e conseguiram uma ordem de expulsão. E agora eles estão presos nos Estados Unidos ou ainda no México, embora tenham pedidos de asilo viáveis ​​que poderiam ter sido tratados de maneira muito diferente se não fosse por Permanecer no México”, explica Gilman.

Na fronteira, revela o professor da Universidade do Texas, há muita instabilidade e incerteza devido às novas leis que estão a ser implementadas e às que estão a ser anuladas pela administração Trump. Esse é o maior desafio, alerta. “Se você está constantemente mudando a lei, é difícil para os advogados e organizações sem fins lucrativos ajudar o sistema a funcionar de forma eficiente e apoiar os refugiados na fronteira.”

Mesmo com todas as complicações legislativas, Nodjomian-Escajeda não sentiu pressão sobre os recursos do Comitê para Refugiados e Imigrantes, graças ao apoio desta administração, que em relação ao seu antecessor, está colocando mais recursos no processo de reassentamento de refugiados e em os diferentes programas de reassentamento.

“Além disso, vimos muitas doações generosas do público e de outras pessoas que são cidadãos”, diz Nodjomian-Escajeda, referindo-se às doações feitas em resposta à crise no Afeganistão e na Ucrânia, mas também explicando que a ajuda é recebida no escritório do México. O que o governo precisa, para enfatizar, é permitir que os recém-chegados recebam maior proteção.

“Os democratas, em vez de retirar a narrativa republicana, tomaram algumas medidas para evitar danos políticos que realmente não abordaram os problemas reais e bloquearam os pedidos de asilo. Mais recursos são necessários para processar adequadamente cada pedido”, conclui Gilman.

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