Euforia e depressão. Ilusão e incerteza. Vitória e derrota, afinal. No final da noite, o Kempes Stadium também se dividiu em dois no que diz respeito às emoções e sensações. O superclássico de verão cordobásico, um ensaio geral antes da estreia na Liga Profissional de ambas as equipes, fez uma diferença surpreendente no placar e também no campo. O Talleres goleou o Belgrano por 3 a 0 e conquistou a taça, a comemoração e uma impressão positiva para o futuro imediato. Para o Pirata, que vinha de uma boa passagem anterior pelo Uruguai, a expectativa pelo retorno de repente se esvaiu e o estrago terá que ser reparado o mais rápido possível.

Tanto?

O “T” teve um começo confuso. Ele cedeu a iniciativa para o rival, teve dificuldade para se firmar no meio-campo e mostrou dúvidas em uma defesa improvisada para a ocasião. A repetição ofensiva de Belgrano permitiu-lhe de imediato instalar-se no seu terreno e imaginar o jogo com outras ambições. Quando Villagra e Franco conseguiram vencer os duelos no setor-chave do retângulo, os demais se animaram a buscar associações e jogar decididamente com o gol de Nahuel Losada como meta.

Os dirigidos por Javier Gandolfi não giraram muito no campo azul claro. Tornaram-se fortes a partir do toque e do retorno, da parede clássica, e também da intenção de iniciar e finalizar os ataques com velocidade e precisão. Aquele jogo agrupado e direto valeu a pena aos 11 minutos, quando Francisco Pizzini colocou fim ao empate inicial.

Com a vantagem a seu favor, o Albiazul ganhou confiança e aproveitou a posição de Rodrigo Garro para marcar um desequilíbrio. Por outro lado, deu à esquerda a sensação de ter desperdiçado Diego Valoyes, obrigando-o a perseguir Diarte e Ortigoza e procurando-o algumas vezes para fazer valer aquela velocidade que era incontrolável para os defesas belgranenses. Foi precisamente Garro quem apareceu ontem inseguro Losada com um remate distante que ampliou a diferença poucos minutos antes do intervalo.

No complemento, Talleres esperava agachado, ficando bem atrás (Benavídez correto e o estreante Rodríguez muito bem, no centro da defesa) no círculo intermediário e com os atacantes (nessa altura, Nahuel Bustos já havia melhorado Michael Santos) prontos para o impulso final. Julio Buffarini, de pênalti, daria o toque final à vitória ao transformar uma falta grosseira em detrimento de Valoyes no 3 a 0 final. A deserção física e futebolística de Belgrano permitiu-lhe ainda ganhar o “ole” tribunero.

PRIMEIRO DUELO. Nahuel Bustos e Gabriel Compagnucci disputam a bola no primeiro Talleres-Belgrano de 2023. O ano já tem outros dois encontros oficiais agendados. /// FOTO: PERFIL CEDOC

Tão pouco?

A intenção de Belgrano de tomar posse da bola e fazê-la circular no nível do solo acabou sendo uma lembrança distante quando o superclássico chegou ao fim. A ilusão de uma equipe que não abria mão da liderança, além da mudança de categoria, não passou de um suspiro. O 4-1-4-1 se mostrou inadequado tanto na defesa quanto no ataque. Poucos ajudaram Longo. Ninguém para Vegetti.

O meio-campo com bom pé nunca reforçou o pé firme na grama e ficou confuso. Ao contrário de Garro, Bruno Zapelli, aquele diferente do Pirata, nunca encontrou seu ponto de influência dentro de campo.

Os primeiros ajustes de Guillermo Farré, já com dois gols pela frente, não deram muitas soluções. A retirada de Talleres continuou a parecer mais uma decisão própria do que uma imposição de outros. Variantes posteriores do DT de Belgrano também não mudariam a história.

A essa altura do jogo, “B” havia esgotado suas reservas físicas, futebolísticas e mentais. O final mostrou-lhe apenas aquele último resquício de caráter ao qual, na ausência de melhores atributos, costuma-se apelar na adversidade.

resumo da festa

Oficinas (3): Guido Herrera; Julio Buffarini, Gastón Benavídez, Juan Gabriel Rodríguez e Ángelo Martino; Rodrigo Villagra e Alan Franco; Diego Valoyes, Rodrigo Garro e Francisco Pizzini; Miguel Santos. DT: Javier Gandolfi.

Belgrano (0): Nahuel Losada; Gabriel Compagnucci, Alejandro Rébola, Erik Godoy e Lucas Diarte; Santiago Longo; Ulises Sánchez, Gerónimo Tomasetti, Bruno Zapelli e Iván Ortigoza; Pablo Vegetatti. DT: Guillermo Farre.

Metas: PT, 11m Pizzini (T) e 41m Garro (T). ST: 38m Buffarini (T).

Mudanças: PT, 27m Fabián Bordagaray para Ortigoza (B). ST, largada, Francisco Oliver para Diarte (B) e Joaquín Susvielles para Tomasettti (B); 12m Nahuel Bustos para Santos (T); 19m Ibrahím Hesar para Compagnucci (B) e Matías García para Zapelli (B9; 30m Valentín Depietri para Pizzini (T), Christian Oliva para Franco e Ulises Ortegoza para Garro (T); 45m Guillermo Pereyra para Longo (B) e Ariel Rojas para Sanches (B).

Admoestado: Benavidez, Garro, Rodriguez, Buffarini (T); Tomasetti, Godoy (B).

Quadra: Estádio Kempes.

Juiz: Jorge Balino.

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